EDITORIAL
O mundo psicanalítico agita-se em torno da memória de Jacques Lacan. Em Paris, homenagens e discussões sobre sua obra se multiplicam. Lacan, cujos seminários eram acontecimentos, continua a ser um acontecimento, e não apenas em Paris. Há trinta anos morria aquele que revolucionou a psicanálise depois de Freud, “sou freudiano, sejam lacanianos vocês, se quiserem”. E repetia: “sejam como eu, não me imitem”.
Polêmico, sem jamais facilitar a compreensão de seu ensino nos seminários, sua influência vai além do círculo de psicanalistas lacanianos espalhados pelo mundo. “Sou um self-made-man”, ele disse, o que é, de fato, criação. Bernadette Pitteri. |
Scilicet é uma palavra latina que significa “isto é”, “por exemplo”, “a saber”. No primeiro volume publicado em 1968, Lacan diz que o sentido título é “tu podes saber”, scilicet, saber os ecos do ensino de Lacan. A revista Scilicet foi fundada tendo como princípio o texto não assinado, aos moldes de Bourbaki, equipe de matemáticos que publicava seus trabalhos com assinatura coletiva. Segundo Lacan, esta equipe refez o edifício inteiro das matemáticas, fundamentando-se na teoria dos conjuntos.
Atualmente, Scilicet desenvolve termos clínicos ligados à episteme lacaniana, destacando o lugar da política na psicanálise, a política do inconsciente.
A segunda NOITE SCILICET na EBP-SP, no dia 22 de setembro, terá a apresentação de Angelina Harari e Jorge Forbes, autores de verbetes escritos especialmente para a publicação. Os comentários serão de Marie-Helène Brousse. |
A Biblioteca, em seu trabalho de divulgação da psicanálise de orientação lacaniana, coloca à disposição para aquisição dos frequentadores dos seminários das quartas-feiras da EBP-SP, um Bazar com publicações próprias.
Na última quarta-feira do mês iniciaremos uma atividade nova: “Roda de Conversa”, no horário das 20 às 21horas, na qual serão discutidos textos da Carta de São Paulo. Convidamos todos a participar. |
BOLETIM DAS JORNADAS 2011 – EBP-SP
25/26 de novembro - Convidada: Graciela Brodsky
O GOZO FEMININO NO SÉCULO XXI
O papel do simbólico na organização e distribuição do gozo nos sintomas tem mudando ao longo do tempo, tema largamente debatido entre nós. Essa mudança corresponde a diferentes arranjos sintomáticos e suplências que mantém o enodamento dos três registros: real, simbólico e imaginário. No que concerne ao gozo, abrem-se diversas questões.
Falou-se muitas vezes de uma tendência à feminização no contemporâneo. Quanto isso diz respeito ao modo de gozo feminino?
Quando falamos em gozo feminino nos referimos à lógica de funcionamento do falasser em relação ao gozo, às formulas da sexuação que Lacan desenvolve no Seminário 20, Mais, Ainda. O gozo masculino se refere ao universal, à função fálica e nesta lógica há uma exceção que possibilita a formação de um conjunto. O gozo masculino se dirige ao objeto, é fetichista. Já do lado feminino não há exceção, portanto não há conjunto que coloque um limite. Há aí uma duplicidade: a mulher está não toda dentro da função fálica, havendo um gozo para além do falo, que tende ao ilimitado. Relaciona-se ao S(A) barrado, mas de um modo que pode levar à infinitização desse gozo. É um gozo erotomaníaco, menos objetal. Se, por um lado, o feminino traz a possibilidade de ir além do falo, por outro traz uma questão sobre o que faz limite ao gozo, ao modo de relação com a falta – é o que está presente na devastação.
Algumas dessas questões também surgem na abordagem do funcionamento dos sintomas no contemporâneo: precária articulação simbólica, dificuldades em relação ao limite e à falta.
Perspectivas diferentes podem ser colocadas: a erotomania abre uma via em direção ao amor, enquanto que nos novos sintomas há uma tendência ao gozo autístico.
Traçado este rápido panorama podemos indagar: quais mudanças no gozo feminino são correlativas às mutações do simbólico no século XXI, nos tempos do Outro que não existe?
Mônica Bueno Camargo (Membro da EBP)
Um excerto de Jacques-Alain Miller pode ajudar a pensar o tema das Jornadas:
"E, precisamente a imagem do corpo, o corpo suportado pela representação, é a fonte eminente, o objeto de satisfação, o objeto de contemplação, o objeto de uma extrema complacência no qual se denota, em termos precisos, que ali está o gozo. Isso é perfeitamente claro, em particular, quando Lacan trata do caso Schreber no qual, com efeito, o gozo se revela como imaginário. Sua ideia de ser feminilizado e cercado de objetos supostos femininos é, para ele, a fonte viva da satisfação mais extrema já anunciada na fantasia sob uma forma muito pura: “como seria belo ser uma mulher”. (Miller - Aula IV - Orientação Lacaniana 2011)
A Comissão Científica receberá os trabalhos situados nos eixos seguintes:
- O não-todo e o gozo
- A fluidez dos semblantes no século XXI
- Ciência, religião e o feminino no discurso hipermoderno
INSCRIÇÕES
Enviar comprovante de depósito por fax [11 3063-1626]
ou e-mail [ebpsp@uol.com.br] aos cuidados de Anselmo
Banco Itaú – Agência 0188 – Conta Corrente 65666-4
Escola Brasileira de Psicanálise - São Paulo
Obs: É possível dividir em três vezes até 10 de setembro e em duas até 10 de outubro; depois, somente à vista.
VALORES
- R$ 250,00 - Membros e Profissionais
- R$ 150,00 - Estudantes
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